Aldeias indígenas para visitar no Brasil
Marcio Moraes
09/08/2016 15h45
O povo brasileiro é uma mistura de muitas etnias, e a indígena por mais afastada dos olhos, é a origem da nossa cultura (até porque a terra era toda deles antes dos portugueses chegarem). Essa influência é visível no nosso vocabulário, em palavras como pipoca, catapora, gambá ou abacaxi, na prática da capoeira, em várias comidas típicas, como a pamonha e o peixe assado na folha de bananeira, e até mesmo em costumes como o de tomar banho todos os dias.
Mesmo com toda a urbanização e tecnologia, algumas tribos brasileiras conservaram suas raízes. É muito importante reconhecermos e ressaltarmos a luta desse povo por seus próprios costumes e cultura, já que, de algum jeito, também são nossos.
Mais do que isso, a persistência dos índios nos proporciona a oportunidade de vermos de perto a origem do país. O que acha da ideia? Indiquei seis aldeias abertas à visitação para mergulhar na cultura brasileira.
1. Aldeia do Rio Silveira – Bertioga (SP)
Uma tribo de etnia tupi-guarani, com cerca de 120 famílias, tem seu lar na Reserva Indígena Guarani do Rio Silveira na cidade Bertioga, interior de São Paulo, na divisa com São Sebastião. Há passeios monitorados para conhecer a região e os costumes da comunidade de cerca de 500 índios que vivem em casinhas de madeira, pau-a-pique e palha. Na escola, para conservar a cultura indígena, as crianças, que são maioria na aldeia, aprendem apenas o idioma guarani até os sete anos de idade. Entre as regras da tribo, o homem que se casar com uma mulher branca pode trazê-la para morar com ele, mas a mulher que se casar com alguém de fora é expulsa e só pode voltar para visitar a família rapidamente. A aldeia também é conhecida por cultivar palmitos Jussara e plantas ornamentais, como orquídeas. Além de assistir a apresentações culturais e conhecer os artesanatos e culinária típicos, os visitantes podem aproveitar a natureza local e nadar na cachoeira.
2. Aldeia Nova Esperança – Tarauacá (AC)
Na Amazônia acriana, às margens do rio Gregório, vivem os índios Yawanawás, próximo a Tarauacá. Esta etnia só teve contato com não indígenas no século XX, quando foram explorados e escravizados pelos seringalistas, que exploravam borracha na Amazônia. Em 1984, com o apoio da FUNAI, as tribos reconquistaram parte de seu território, onde vivem até hoje. Desde 2002, todo ano em outubro, a Aldeia Nova Esperança celebra a cultura indígena com o Festival Mariri. Antigamente, todos que quisessem podiam assistir às apresentações culturais, mas o evento se tornou muito popular e os índios perceberam que isso atrapalhava o caráter intimista da festividade. Agora, quem deseja participar da festa de seis dias precisa se inscrever no site oficial, (http://www.festivalyawa.org/) e apenas 150 turistas serão escolhidos. Os participantes provam o melhor da culinária tradicional Yawanawá, como peixe moqueado e caiçumas de diversos sabores, e ainda ganham pinturas corporais feitas pelos índios. A tribo se destaca no uso do urucum, que além de ser utilizado nas caracterizações e artesanatos, ainda ajuda no sustento financeiro, já que eles mantêm acordos comerciais com marcas de cosméticos como a estadunidense Aveda.
3. Aldeia Mãe Barra Velha – Caraíva (BA)
O Parque Nacional do Monte Pascoal, em Caraíva, na Bahia, é populado por índios Pataxós. Entre eles, a Aldeia Mãe Barra Velha, com cerca de 500 famílias, é uma das mais receptivas. Por mais que a tribo já tenha bastante com influência da tecnologia, com o uso de celulares e televisões, vale a pena visitá-la. Os produtos artesanais vendidos por eles, como colares, pulseiras, colheres e passarinhos de madeira, também são incríveis e garantem a principal renda dos índios locais. Quem quiser pode acampar em um gramado, bem em frente à praia, administrado pelo ex-cacique Seu Zé, que cobra um preço fixo por pessoa. Dá até mesmo para passar o ano novo!
4. Parque Indígena do Xingu – Mato Grosso (MT)
Com 5 mil habitantes de 204 tribos diferentes, o Parque Indígena do Xingu é o terceiro maior do mundo. Os índios Waurá, famosos por seus artesanatos em cerâmica, e Trumai, que dominam a fabricação de sal e machados de pedra, são os que costumam receber turistas para uma experiência cultural. Durante quatro dias, os visitantes participam de danças, rituais, fazem trilhas, conhecem histórias e lendas das tribos locais, aprendem a usar o arco e flecha e a pescar com lanças. Sem data fixa, os Trumai realizam uma vez por ano um ritual típico chamado Jawary, em que dançam e cantam com suas flechas para homenagear seus ancestrais mortos em batalhas.
5. Aldeia Tupé – Manaus (AM)
A Tribo Dessana Tukana, às margens do Rio Negro, conserva sua cultura e o dialeto Tukano. O mais legal da visitação nessa aldeia é que os turistas são recepcionados pelo próprio pajé, que explica o funcionamento da comunidade e introduz a apresentação de canto e dança dos índios. No final do evento de apenas um dia, eles também vendem artesanatos como colares, pulseiras e artefatos indígenas. Esta é uma das tribos que tem menos sinais da vida moderna dessa lista. As vestes ainda são artesanais, feitas de palha, folhas e sementes, não há energia elétrica, água encanada ou esgoto.
6. Aldeia Krukutu – São Bernardo (SP)
Perto da divisa de São Bernardo, na região de Parelheiros, moram aproximadamente 300 índios. A aldeia Krukutu, cujo nome significa "lança que vem da terra", vive lutando por seu território e pela conservação de sua cultura. Para conscientizar a população sobre a causa, a Secretaria de Cultura da cidade começou a organizar grupos de visitas monitoradas à aldeia. É possível conhecer a biblioteca, a escola e até a casa de reza deles. Os índios de etnia Guarani e Guarani Kaiowá que moram lá se consideram uma grande família. Todos os dias durante o pôr do sol, eles se reúnem em volta de uma fogueira para dançar e cantar.
SOBRE O BLOG
Para viajar sem sair de casa. O blog do Marcio Moraes apresenta lugares fascinantes para inspirar o imaginário do viajante. Por meio de dicas, o leitor viverá as melhores experiências dos destinos com restaurantes, hot spots e listas capazes de ampliar horizontes. Que tal entrar em contato com novas culturas e desbravar pelo mundo em um clique? Embarque nessa viagem!