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Templos, ruínas e muito fôlego na rota do Vale Sagrado

Marcio Moraes

02/12/2016 08h00

Uma mistura de cores, sabores, ritmos e mistérios. Assim é a terra sagrada da civilização inca, em um dos países mais exóticos da América do Sul: o Peru. Aproximadamente mil quilômetros separam a capital, Lima, de Cusco, ponto de partida para conhecer o Santuário Histórico de Machu Picchu e o Vale Sagrado. A cidade, na região dos Andes, fica a quase 3.400 metros de altitude. Muito chá de coca e disposição para a esta rica maratona que vem a seguir!

Fonte: Divulgação

 

Cusco, a capital do Império Inca

Dizem que na língua indígena quéchua, Cusco quer dizer "umbigo do mundo". O ponto entre dois eixos imaginários que dividiam o império. Com a chegada dos conquistadores espanhóis, a cidade foi posta abaixo, todo o ouro enviado à Europa e os templos sagrados deram lugar às igrejas cristãs. Mas, ainda assim, construíram uma das mais ricas cidades coloniais da América do Sul, patrimônio da humanidade da Unesco desde 1983.

Com dois milhões de visitantes ao ano, o destino tem alguns destaques imperdíveis, como a Catedral de Cusco e sua diversidade religiosa, o Mercado San Pedro e o artesanato local, o bairro de San Blas e suas interessantes galerias e o Qorikancha e outros sítios arqueológicos. Vale a pena contemplar a Plaza de Armas e seu gramado florido durante o dia e as casinhas coloniais e as ruas de paralelepípedo iluminadas pelas igrejas à noite.

Bem próximo ao centro, onde ficam a maioria dos hotéis e hostels, há charmosos restaurantes como o Cicciolina, o Limo e o Chicha, do chef-celebridade Gastón Acúrio. Prove verdadeiros ceviches, cuy (espécie de porquinho-da-índia assado) e carne de alpaca.  Todos servem tanto gastronomia local quanto pratos internacionais e ficam próximos às galerias de arte, que vendem, entre outras coisas, telas bem coloridas de artistas plásticos peruanos.

Fonte: Mariana Sampaio

 

Rumo à mítica Machu Picchu

Há duas maneiras terrestres de chegar lá: por trilha ou por trilhos.  A última opção parte da cidade vizinha de Poroy. Na baixa estação, o trecho da ferrovia é fechado devido às chuvas. Por isso, o luxuoso Belmond Hiram Bingham parte do Belmond Hotel Rio Sagrado, no caminho de Urubamba a Ollantaytambo. O trem, que leva o nome do explorador americano que descobriu a cidade perdida dos incas, viaja pelo relevo andino até Águas Calientes, também conhecido como Machu Picchu Pueblo. Dali são mais 30 minutos de van até a entrada do parque.

Fonte: Mariana Sampaio

A magia da viagem já começa a bordo: todos os vagões são decorados no estilo dos Pullmans dos anos 1920, com peças em madeira polida e bronze, poltronas bem confortáveis, cristais sobre as mesas, um delicioso brunch, música instrumental ao vivo e muito pisco sour. No retorno ainda tem chá da tarde no Belmond Sanctuary Lodge, no pé do parque, e um jantar elaborado por um chef.

Para enriquecer ainda mais a experiência, em maio de 2017 o grupo Belmond também iniciará a operação do Andean Explorer. O primeiro trem de luxo com suítes na América do Sul, que fará o trajeto de Cusco ao Lago Titicaca e Arequipa, em uma das maiores rotas ferroviárias do planeta, com jornadas de uma ou duas noites. Mais tempo e conforto para contemplar boa parte das mais belas paisagens andinas.

E, sem dúvida, a mais famosa e desejada delas é Machu Picchu, com 32 mil hectares e a 2.400 metros de altitude. A misteriosa cidade sagrada, descoberta em 1911, tem a montanha de Wayna Picchu e as ruínas incas, construídas há cerca de 600 anos, como cartão-postal. Com até 2.500 visitantes por dia, o destino é Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade pela Unesco e uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo.

Apesar dos espanhóis tentarem apagar os costumes de uma civilização inteira, é interessante perceber como vários vestígios dos incas sobreviveram com o passar do século. Entre templos, igrejas, casas e comércios, são mais de 140 construções e uma energia indescritível. Um lugar que deve ser admirado e contemplado sem pressa.

Fonte: Mariana Sampaio

 

Vale Sagrado dos Incas

Toda a mística região dos Andes peruanos também é repleta de monumentos arqueológicos do Império Inca, muitos rios, vales de terras férteis e povoados indígenas. Durante o trajeto é possível visitar algumas comunidades, interagir com os habitantes, ter acesso a autênticas tradições e degustar a culinária típica.  E, claro, adquirir peças de artesanato, como mantas, ponchos e outras vestimentas típicas.

São vários atrativos em uma rota e não importa a ordem das paradas: o importante é curtir as características e histórias de cada lugar, com tempo. Pisac, por exemplo, tem ruínas e um mercado de artesanato. O lugar era um centro administrativo e foi construído com arquitetura especial, própria para evitar possíveis abalos sísmicos. Além das terraças, chamam a atenção os buracos nas montanhas feitos para depositar mortos e corpos mumificados.

O vilarejo de Chinchero tem um centrinho histórico e a Igreja de Nossa Senhora de Montserrat com seus afrescos naïfs. Depois vem a Salineras de Maras com seus tanques de extração de sal de mais de dois mil anos, bem antes dos incas. Ali a água do lençol é canalizada para encher cada tanque até que o fluxo seja cortado para sua evaporação. O sal aparece e é possível comprá-lo no labirinto de lojinhas que dão acesso ao lugar.

Fonte: Mariana Sampaio

Mais 12 quilômetros e encontra-se uma das mais belas paisagens do passeio: Moray e seus vários terraços escavados perfeitamente circulares. Os estudiosos dizem que muitas sementes foram testadas ali em cada degrau e sob condições distintas. O trajeto continua até o Parque Arqueológico de Ollantaytambo, uma construção militar criada para proteger o Império Inca de possíveis invasões dos Antis.

A riqueza natural e a herança cultural inca do Vale Sagrado podem ser desvendadas de várias formas, até se hospedando em um hotel instalado em um penhasco a 400 metros do chão. Os quartos transparentes em alumínio aeroespacial e policarbonato de alta resistência têm menos de 20 metros quadrados, mas se você precisa de mais conforto e menos adrenalina, confira nossas dicas de hospedagem a seguir.

Fonte: Mariana Sampaio

 

PRINCIPAIS FESTIVAIS DE CUSCO

Corpus Christi

A celebração é comemorada em todo o país, mas a festa é mais impressionante na cidade. A Catedral de Cusco, na Plaza de Armas, é especialmente decorada para saudar o Corpo de Cristo e receber 15 santos e virgens, em várias procissões.

Inti Raymi

Milhares de visitantes de todo o mundo se reúnem para apreciar o espetáculo do solstício de inverno, em 24 de junho. Centenas de atores fantasiados, músicos e dançarinos executam os ritos na Fortaleza Inca de Sacsayhuaman, uma reconstituição colorida do Festival do Sol ou Inti Raymi, em quéchua.

 

O básico sobre o Vale Sagrado:

País: Peru

Idioma: espanhol e línguas co-oficiais, como quíchua e aimará

Moeda local: nuevo sol (PEN)

Código telefônico: + 51

Melhor época: julho é o mês mais recomendado por ser um período seco e sem chuva.

Para amenizar os efeitos da altitude: mascar folhas de coca, tomar o chá, chupar balinhas ou tomar pílulas chamadas Sorojchi.

Horários do trem: www.perurail.com

www.peru.travel/pt-br/

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